Brunno Feola, nosso diretor de Marketing, conta um pouco sobre como a internet está mudando a maneira de lidar com os pacientes mais jovens.
Uma das perguntas que mais recebo desde que entrei para o singular mundo do marketing na área da saúde é sobre como a internet pode ajudar a desenvolver uma carreira sem que o profissional da saúde pareça um “vendedor charlatão”. Além disso, muitos questionam se os clientes que surgem por esse meio possuem a mesma qualidade comparados à maneira “tradicional” de angariá-los.
Confesso que, no início, sentia uma certa estranheza com essa pergunta, já que hoje a internet é o canal mais democrático, acessível, prático e barato para gerar demanda e conhecimento sobre qualquer tema. Além disso, é uma ferramenta especialmente poderosa para o profissional liberal, pois permite ampliar o alcance sem, necessariamente, envolver um grande investimento financeiro.
Com o tempo e uma maior experiência nesse universo, percebi o quanto os médicos se preocupam com sua profissão, que é, de fato, muito mais do que apenas uma ocupação. Também compreendi como as diretrizes do CRM/CFM aparentemente restringem as possibilidades de ação para a categoria.
Ainda assim, é preciso ter clareza de que estamos em constante evolução e que já existe uma geração totalmente conectada à internet. Esse fator exige compreensão e adaptação da nossa área, especialmente porque até as normas dos conselhos regionais e federais vêm sendo flexibilizadas. A forma como os millennials se relacionam e interagem é completamente diferente de tudo que conhecíamos, o que pode tornar os meios “tradicionais” de apresentar os serviços da área da saúde no Brasil ineficientes.
De acordo com uma pesquisa de 2018 da Vision Critical, empresa de armazenamento de Big Data dos Estados Unidos, 60% dos jovens têm o Google como principal referência na tomada de decisões sobre saúde e nutrição. Para efeito de comparação, 75% das pessoas acima de 35 anos consideram amigos ou parentes como fatores decisivos.
Esse cenário gera um paciente mais “proativo”, que pode dar a impressão de querer entender mais que o médico. No entanto, isso não deve ser encarado como algo negativo. Essas conversas podem melhorar o relacionamento com esses pacientes, proporcionando uma experiência mais positiva. É importante lembrar que essa geração cresceu com inúmeras possibilidades de se expressar, o que torna essencial, e talvez indispensável, que tenham voz.
Sugestão: Ouça pacientemente e deixe que os jovens expressem tudo o que pensam sobre sua saúde. Em seguida, elabore um material com os temas mais recorrentes trazidos pelos seus pacientes. Dessa forma, quando houver equívocos, você poderá corrigi-los de maneira mais próxima à lógica deles. Isso ajudará a estabelecer uma relação de confiança e demonstrará que seu interesse vai além do aspecto comercial da consulta.
A mesma pesquisa aponta que 75% das pessoas entre 18 e 30 anos prefeririam um telefone sem possibilidade de fazer ligações a abrir mão de enviar mensagens de texto. Segundo o estudo, isso ocorre porque consideram o texto mais conveniente e prático. Além disso, por mais curioso que pareça, o uso de emojis torna a comunicação mais pessoal para essa geração do que uma ligação de voz.
Uma pesquisa feita em 2017 pela Aetna, empresa americana de seguros de saúde, revelou que os millennials associam “saúde” a termos como dieta e exercício. Em contrapartida, pessoas mais velhas relacionam o conceito à ausência de doenças. Um ponto importante ao atendê-los é enfatizar o bem-estar como um fator mais relevante do que a simples prevenção.
Essas informações não significam que você precisa mudar imediatamente sua maneira de atuar ou abordar seus pacientes. No entanto, é essencial compreender que uma nova geração, em breve majoritária, possui hábitos e comportamentos que exigem maior esforço e adequação.